Você sabia que a toxina botulínica, o famoso "botox" pode ajudar nos casos de depressão? 

Para além dos poderes de minimizar rugas, melhorar crises de enxaqueca, distonias, espasmos e reduzir o suor em excesso, a toxina botulínica teria o incrível efeito de te deixar mais feliz. E não é por conta do rosto mais jovem e lisinho. Um estudo da Universidade Georgetown, nos Estados Unidos, feito com pessoas que sofrem de depressão, revelou que há efeitos reais na química cerebral que levam à melhora do humor depressivo.

A pesquisa foi feita com 74 adultos, todos diagnosticados com depressão severa. Metade recebeu aplicações da toxina e a outra metade injeções salinas (placebo), na testa, exatamente no músculo que fica entre as sobrancelhas. Ao final de seis semanas, 52% dos que receberam a toxina sentiram-se significativamente melhor contra apenas 15% do grupo do placebo.

Em outro estudo recente, 42 pacientes com depressão grave, na maioria dos casos crônica e resistente ao tratamento, receberam tratamento adjuvante com toxina botulínica. A gravidade da depressão foi avaliada antes e 3 semanas após o tratamento. Quase todos os pacientes melhoraram clinicamente, com os escores de depressão caindo 27% em todas as três escalas da amostra como um todo.

Um outro estudo mostrou que um único tratamento com toxina botulínica na região glabelar, promoveu um forte e sustentado alívio da depressão em pacientes que não apresentaram melhora com tratamento medicamentoso. Concluiu-se que a musculatura facial não apenas expressa, mas também regula os estados de humor.

Acredita-se que o resultado positivo da aplicação na depressão se deve à influência da expressão facial sobre o cérebro. Sentimentos como raiva, tristeza e felicidade, não vêm do cérebro, mas do músculo. Ao paralisá-lo, ele fica impedido de demonstrar tristeza e, consequentemente, os sintomas de depressão diminuem.

Não se sabe ao certo por que nossas expressões faciais influenciam nossas emoções. Há estudos que mostram, por exemplo, que pessoas que expressam a dor com caretas, sentem mais os efeitos dela no corpo. É como se nosso rosto comunicasse sentimentos não apenas para os outros, mas para nós mesmos. Em outras palavras, parecer triste, te deixa triste. No caso dos pacientes com depressão, é como se o tratamento com a toxina começasse no exato momento em que ela deixa a expressão do rosto mais suave.

Evidentemente, a depressão é uma doença bem mais complexa do que apenas uma imagem de um rosto entristecido. Mas há quem aposte que a toxina botulínica tem o potencial de ser o novo “Prozac”.

Aguardemos mais estudos de qualidade que sustentem essa suposição. E viva a ciência!!

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